Crítica: Elis


Andreia Horta como Elis Regina

Para quem conhece, Elis Regina é até hoje não só uma das melhores cantoras do Brasil, mas também uma das grandes artistas do país. Isso porque ao longo dos anos imortalizou sua belíssima voz interpretando grandes clássicos da Música Popular Brasileira e também por ser intensa na hora de expor sua opinião e emoção para o público.

E essas são as principais qualidades do longa “Elis”, dirigido por Hugo Prata. Abordando a trajetória da gaúcha de Porto Alegre (Andreia Horta) desde a sua chegada no Rio de Janeiro em 1964 até a sua morte em 1982, a narrativa é tocante ao mostrar a evolução de Elis como cantora. Destaque para a cena inicial, que é comandada pela poderosa melodia de “Como Nossos Pais” e também para os números de “Fascinação” e “O Bêbado e o Equilibrista”, grandes clássicos da MPB.

Aliás, também vale exaltar o trabalho de Andreia Horta, que sem dúvida engrandece o filme. É verdade que ela dubla as canções, o que não diminui sua atuação, afinal, é praticamente impossível alguém reproduzir a voz original da famosa Pimentinha. Na verdade, a atriz é meticulosa e fiel ao mostrar os trejeitos da personagem, o que é encantador e emocionante.

No entanto, o que falta para o longa é uma organização melhor na hora de retratar os principais acontecimentos da cantora. É que na segunda metade do filme tudo é colocado de maneira rasa, deixando a sensação de que as cenas estão jogadas e sem nexo com o contexto inteiro.

Para se ter ideia, a sequência final, apesar de ser bem tocante e poderosa, acontece de maneira rápida e sem o aprofundamento adequado. E os problemas não param por aí, tanto que os três filhos da artista (João, Pedro e Maria Rita), que são importantes na vida da protagonista, pouco aparecem na trama.

Para compensar, o longa é uma aula de história, já que faz uma boa contextualização do Brasil durante a Ditadura Militar. Isso é possível perceber ao longo da relação da protagonista com o cartunista Henfil (Bruce Gomlevsky), que criticou fortemente a cantora em suas charges após ela fazer um show para o exército brasileiro.

Pegando como base a importância que Elis Regina tem para o Brasil, pode-se afirmar que o longa de Hugo Prata é uma obra digna, pois reforça a emoção que sentimos ao ouvir a voz dessa artista revolucionário, porém, os deslizes do roteiro o impedem de ser algo mais definitivo, ou seja, sem a pompa que a artista merece.

Por Pedro Tritto – Colunista CFNotícias