Crítica: Ela Disse
Chega aos cinemas um filme baseado em fatos reais e terríveis que trata de um assunto desconfortável, mas que precisa ser revelado ao grande público: o assédio que mulheres sofrem em seus locais de trabalhos. Em “Ela Disse” (She Said) o tema é debatido de maneira objetiva e direta, para que possamos tomar consciência e evitar que eventos assim voltem a ocorrer no futuro.
O longa é baseado em uma história real e no livro “Ela Disse: Os Bastidores da Reportagem que Impulsionou o #MeToo”, sobre várias denúncias de abuso sexual em Hollywood.
Temos as personagens principais Megan Twohey (Carey Mulligan) e Jodi Kantor (Zoe Kazan), que são duas repórteres do jornal “New York Times”, e que foram as responsáveis pelas matérias que revelaram toda a escuridão e degradação contra mulheres na meca do cinema americano.
É uma produção com cenas e diálogos fortes que mostram como um produtor de Hollywood se aproveitou de seu posto superior e assediou moral, emocional e sexualmente várias mulheres em vários escalões da indústria cinematográfica.
A produção foca nos assédios cometidos por Harvey Weinstein (Mike Houston), nome importante em grandes obras, mas que possuía este lado sombrio que afetou diretamente mais de 80 mulheres que o denunciaram. O produtor acabou condenado a 23 anos de prisão.
“Ela Disse” é tenso e desconfortável, mas não no sentido de ser ruim, ao contrário, a produção é excelente e com interpretações primorosas por parte de Carey Mulligan e Zoe Kazan. O desconforto se dá exatamente ao se pensar e ver na tela as humilhações às quais as vítimas foram submetidas, e obrigadas e se calar por medo.
É importante que este filme seja divulgado e visto por todos que se importam com a condição humana e respeitam os direitos e privacidade de quem não está em condições de lutar por conta própria.
A produção é um alerta a todos nós, de que nunca devemos nos calar perante as atrocidades e maldades que certos elementos da sociedade humana são capazes, e precisamos lutar e mostrar ao mundo que há como vencer.
por Clóvis Furlanetto – Editor
*Título assistido em Sessão regular de Cinema.