Crítica de Teatro: Quando as Máquinas Param


A peça do dramaturgo Plínio Marcos, “Quando as Máquinas Param”, da década de 1960, se mostra incrivelmente atual na montagem em cartaz na Aliança Francesa, ao abordar a história de um casal envolto na falta de dinheiro. Zé e Nina, interpretados maravilhosamente por Cesar Baccan e Carol Cashie, nos levam a uma incursão sobre o dinheiro, ou melhor a falta dele, a miséria, o desemprego.

Após uma demissão em massa na fábrica em que trabalhava, Zé se torna mais um operário desempregado e as contas da casa vão ficando cada vez mais difíceis mesmo com os trabalhos de costureira de Nina. Com apenas um cenário, muito bem construído, vemos a relação desse casal se deteriorando pouco a pouco ao mesmo tempo em que nos é escancarado algo ainda maior.

O texto de Plínio Marcos, famoso por abordar os marginalizados da capital paulista e pela repressão que seus textos sofreram durante a ditadura, ganha uma bela direção de Augusto Zacchi, que pode ser apreciada nos pequenos detalhes.

“Quando as Máquinas Param” não é um espetáculo fácil, mas é de uma beleza incrível e desconfortante e, infelizmente, de um tema ainda muito pertinente nos dias de hoje. Ao nos mostrar um casal desfavorecido aparentemente comum, a peça nos mostra um contundente retrato da nossa sociedade e lança luz àqueles que geralmente são invisíveis em nossa cidade.

Com uma atuação impecável os atores dão vida a uma conjuntura que se desvela diante de nossos olhos, deixando o espectador sem nenhuma saída além de temer e sofrer pelos personagens.

A peça está em cartaz no Teatro Aliança Francesa, sextas e sábados às 21h e domingos às 19h30 até dia 24 de fevereiro.

por Isabella Mendes – especial para CFNotícias

Crédito das fotos: Divulgação.