Crítica: Coração Ardente


Filmes religiosos tendem a caminhar em uma tênue linha do possível e não possível. Entre a fé religiosa e a ficção, trazendo consigo uma carga dramática e misturando o realismo ao imaginário popular.

São obras difíceis de serem produzidas, como andar em ovos, uma vez que interpretações podem mudar completamente o contexto proposto. “Coração Ardente” (Corazón Ardiente), dirigido por Antonio Cuadri e Andrés Garrigó, é uma mistura de um documentário com ficção, andando sobre essa tênue linha descrita.

A narrativa é feita através de Guadalupe Valdés (Karyme Lozano), uma escritora de sucesso que investiga as aparições do Sagrado Coração de Jesus, em busca de inspiração para o seu próximo romance.

Guiada por Maria Benegas (María Vallejo-Nágera), perita em mistérios, ela descobrirá as revelações de Jesus a Santa Margarida Maria de Alacoque e encontrará santos, assassinos, exorcistas, papas, presidentes, conspiradores, além de milagres e crimes.

Durante a trama documental, são apresentados fatos interessantes e naturais, com um roteiro consistente e bem atribuído às ações das personagens, mostrando fatos históricos que serão utilizados na base do drama ficcional.

No drama, o longa torna-se mais simplório, com uma narrativa única, baseada apenas nos conceitos católicos do início ao fim, propondo-se pouco a explorar a ficção construída aos poucos na parte documental.

No fim, “Coração Ardente” limita-se a romper as próprias barreiras do tema proposto, focando apenas no religioso superficial, mas traz pouco ao debate assuntos dos quais o cinema ainda carece muito. É um bom filme, mas que poderia extrair mais de sua essência e instigar mais o espectador.

por Artur Francisco – especial para CFNotícias

*Título assistido em Cabine de Imprensa Digital promovida pela Kolbe Arte Produções e Magnificat Entretenimento.