Era para ser suspense, mas não foi. Era para ser terror, não assustou. Era para ser repugnante, acertou. Se a intenção era causar esse sentimento de repulsa, cumpriu sua função.
A ideia do longa nacional, “Carcaça”, parece boa, as retomadas são interessantes, mas não suficientes, quando carregam alguma situação grotesca e desnecessária. Seria um filme incrível, se essas retomadas da história fossem exploradas como essenciais, seria o grande trunfo do roteiro.
Mas, por que será que os roteiristas e diretores que se propõem fazer cinema de terror ou suspense, insistem que elementos ultrapassados e repulsivos são necessários para a construção do gênero? Vivemos um momento de muitas transformações mundiais, não parece adequado haver esse tipo de apelo.
Com esforço, a trama psicológica vivida por um casal atípico durante o confinamento total, no período crítico da pandemia da COVID 19, parece um tema pertinente. O terror psicológico traz elementos que poderiam render momentos de tensão no público, mas, por vezes, acaba se perdendo.
Lívia (Carol Bresolin) e Davi (Paulo Miklos) vivem realidades distintas e artificiais, e encenam para si mesmos uma vida ilusória de casados. A ideia de que menos é mais, caberia como uma luva para esse drama.
A opção pelo preto e branco, o cenário simples, o movimento dos cortes e a escolha dos planos bastariam para uma proposta “clean”, que traria um sentimento de angústia e ansiedade, próximos do suspense, e quem sabe, até o medo, fundamental para o terror.
Com roteiro e direção de André Borelli, “Carcaça” é um filme para gerar questionamentos, principalmente sobre qual o futuro das produções de suspense e de terror.
por Carlos Marroco – especial para CFNotícias
*Título assistido em Cabine de Imprensa Virtual promovida pela California Filmes.
**Disponível nas plataformas de aluguel: Total Play, Apple, Net Now, Youtube, Vivo, Amazon, Claro Video, Google Play.