Temos uma grande estreia nessa semana que, em minha opinião, fará os fãs mais fervorosos do gênero suspense ficarem intrigados. “Caminhos da Memória” (Reminiscence) da diretora Lisa Joy é uma obra cinematográfica imperdível.
Somos apresentados ao enigmático e carismático ex-soldado da Marinha, Nick Bannister (Hugh Jackman), que se denomina um investigador particular da mente, ou seja, utilizando recursos tecnológicos e uma câmara onde a pessoa fica com parte do corpo mergulhado em água, ele consegue acessar as memórias de seus clientes e os faz reviver seus melhores momentos. Auxilado por Emily Watts Sanders (Thandiwe Newton), os dois lutam para que a empresa sobreviva em meio às dificuldades financeiras.
Nick conhece a bela e sedutora Mae (Rebecca Ferguson), que os procura com um pedido simples para encontrar suas chaves perdidas, mas esta nova cliente se torna uma obsessão para o investigador quuando, após um intenso relacionamento com a jovem, esta desaparece misteriosamente e agora ele quer encontrá-la a qualquer custo.
O que ele não sabe é que estará entrando em uma trama sinistra, sangrenta e cheia de segredos sujos e só sua astúcia e inteligência poderão auxiliar para que encontre uma saída do emaranhado de situações em que estará enfrentando.
Na trama acabamos descobrindo aos poucos que o mundo sofreu uma grande mudança climática e cidades costeiras foram inundadas. Miami é uma delas e é o cenário base da história. As pessoas passaram a trabalhar e se relacionar à noite, pois é mais fresco que durante o dia e com essa inversão temos um toque de filme noir com suas sombras insinuantes em vários momentos, graças à fotografia de Paul Cameron.
O trabalho de Nick é quase uma viagem no tempo, mas sem realmente sair do lugar, pois quem o procura pode apenas reviver memórias passadas ou recentes. E, neste enredo envolvente, que a produtora classificou como ação, eu vou mais longe e posso dizer que é um suspense policial com elementos de romance.
Não há efeitos especiais grandiosos, apenas os necessários para que fique verídica a situação das cidades alagadas e esta produção é baseada na qualidade do roteiro que também ficou a cargo de Lisa Joy, e nas interpretações magistrais do trio de protagonistas. Os dramas de consciência de Nick, a fragilidade e mistério de Mae e a lealdade de Watts dão o tom perfeito para o desenrolar da narrativa.
É necessário que prestemos muita atenção ao que acontece, pois o mínimo detalhe pode revelar uma intrincada sucessão de acontecimentos que são revelados em tela graças a uma edição perfeita, através da qual cada cena é conectada a outra sem perder o ritmo necessário de uma memória a outra. Somos apresentados a informações que nos fazem acreditar em uma determinada conspiração, mas na realidade, as coisas nem sempre são exatamente o que parecem à primeira vista.
É um filme imperdível e você não deve deixar de ir ao cinema – com todos os cuidados necessários, é claro – e aproveitar ao máximo a experiência de assistir a “Caminhos da Memória” nas telonas.
por Clóvis Furlanetto – Editor da Memória
*Título assistido em Cabine de Imprensa promovida pela Warner Bros. Pictures.