Crítica: Blackberry


Para uma pessoa como eu, que nasceu na década dos anos 1990, o surgimento e progresso dos celulares – hoje popularmente conhecidos como smartphones, foi algo bem vívido. Diversas marcas ganharam notoriedade no início dos anos 2000, porém uma delas teve um grande destaque: Blackberry.

A marca de celular foi criada pela empresa Research in Motion Limited (que mais tarde mudaria de nome para Blackberry), fundada por Mike Lazaridis e Douglas Fregin. Porém, recentemente, no ano de 2022, ela encerrou definitivamente suas atividades.

Hollywood tem aproveitado bastante a onde de filmes-documentais sobre a vida de magnatas das tecnologias e chega aos cinemas brasileiros no dia 12 de outubro, com distribuição da Diamonds Pictures, o filme de mesmo nome do aparelho “Blackberry”.

Matthew Johnson (também na função de ator e roteirista ao lado de Matthew Miller) não é muito conhecido pela sua carreira de diretor, então vamos diretamente ao ponto: o longa balanceia diversos métodos para contar a história. A princípio, lembra-se muito uma sitcom, com sketches encaixadas para momentos de diversão, boas risadas e momentos dramáticos. E de certa maneira isto funciona bem.

O longa é protagonizado por Jay Baruchel que interpreta Mike Lazaridis, enquanto Johnson interpreta Doug Fregin, ambos fundadores da empresa RIM, mundialmente conhecida pela criação e lançamento dos aparelhos Blackberry. Ambos os atores entregam muito bem seus papéis, convencendo muito como dois nerds com características bem opostas – um mais centrado e o outro mais largado.

Baruchel possui uma carreira cinematográfica mais consolidada, atuando em “Como Treinar Seu Dragão” (como dublador de Soluço, na versão original), “Trovão Tropical” e “Menina de Ouro”. Aqui, vemos que a bagagem do ator faz muita diferença. Seus únicos pontos fracos (que, não necessariamente são causados por ele mesmo), são sua nada convincente peruca branca e uma mudança muito brusca de personalidade em um determinado momento da trama.

Em relação à narrativa, o roteiro encontra alternativas para contar mais de quinze anos de história da empresa, mostrando momentos chaves, a ascensão e queda, além de demonstrar de forma muito bem elaborada os motivos que levaram ao desparecimento de uma empresa que tinha mais de 30% do público estadunidense utilizando seus produtos. Detalhes são bem conduzidos, além da inserção de maneirismos e até metáforas que são mais bem compreendidas no fim da obra.

Mas, definitivamente, quem se destaca é Glenn Howerton, que interpreta Jim Balsillie – o co-CEO da Research in Motion e responsável principal pela transformação da empresa e popularização dos celulares Blackberry.

Seu estilo explosivo, de marketeiro e empresário formado em Waterloo, arrogante e muitas vezes mal-educado convence – e muito – o espectador. O ator é tão bom que você sente raiva do personagem, ao mesmo tempo que compreende a necessidade de suas atitudes para a continuidade da empresa.

Por fim, “Blackberry” é um ótimo filme-documentário sobre a história de uma das marcas mais famosas no ramo de tecnologia. Seu auge e declínio são muito bem contados, as atuações são convincentes e é um entretenimento indicado para aqueles que se interessam pela história da tecnologia.

por Artur Francisco – especial para CFNotícias

*Título assistido em Cabine de Imprensa promovida pela Diamond Films.