Crítica: Assassinato no Expresso do Oriente


Não é a toa que Agatha Christie é chamada de a Rainha do Crime. Para provar, basta assistir “Assassinato no Expresso do Oriente”, uma de suas grandes obras. Além de ser um dos melhores livros da autora, essa história contém um caso complexo que exige demais dos conhecimentos e das massas cinzentas do famoso detetive Hercule Poirot.

Sabendo de tudo isso, Kenneth Branagh (Cinderela) resolveu fazer uma nova adaptação cinematográfica para esse clássico da literatura, onde, além de dirigir, interpreta o grande protagonista da trama. E o resultado, no geral, é um filme divertido, que permite o espectador ficar interessado até a resolução do crime e, principalmente, conhecer mais sobre o trabalho da escritora inglesa.

O longa começa com o belga (não francês!) Hercule Poirot sendo chamado de volta para Londres, para solucionar uma antiga investigação. Para chegar mais rápido ao destino, ele embarca no famoso trem Expresso do Oriente, que estranhamente está lotado para tal época do ano. No veículo, o detetive conhece o misterioso sr. Rachett (Johnny Depp), que tenta contratá-lo pois sente que corre risco de vida.

O fato é que o protagonista recusa a proposta e na noite seguinte, o sujeito é morto após receber 12 facadas no corpo enquanto dormia. A partir daí, o famoso bigodudo inicia a investigação para achar o assassino. Sem muitas pistas, ele passa a desconfiar de todos os passageiros, o que deixa a trama mais envolvente e misteriosa até o final.

Apesar do enredo ser o mesmo do livro, é bom as pessoas saberem que há mudanças em relação ao texto original. Muitas delas fazem sentido e até ajudam na dinâmica do longa. Um bom exemplo é a apresentação de Poirot na película, que acontece em Jerusalém, lugar que não é citado por Christie no romance. A cena funciona bem, afinal de contas, é possível criar empatia com o detetive e seus toques. Na passagem, vemos o personagem central recusando o seu café da manhã por não ter dois ovos do mesmo tamanho.

Se essa alteração cai como uma luva na trama, outras infelizmente não têm o mesmo sucesso, pois comprometem o andamento da história. Tudo porque alguns elementos importantes, como certos detalhes do caso Armstrong e o avanço da própria investigação de Poirot, são feitos de forma mais resumidas, deixando pontos fundamentais mais confusos. Além disso, o clímax da trama tem seu impacto comprometido, ou seja, a identidade do assassino pode ser revelada cedo demais.

De qualquer forma, quem nunca leu Agatha Christie ou quem gosta de romance policial, “Assassinato no Expresso do Oriente” é uma escolha segura de entretenimento. E não é só porque tem bons personagens, bom elenco (Michelle Pfeiffer, Daisy Ridley e Judi Dench estão ótimas!), mas também porque enaltece o talento de um dos detetives mais famosos da literatura e de Agatha Christie, a verdadeira e única Rainha do Crime.

Por Pedro Tritto – Colunista CFNotícias