Com um roteiro afiado e flexível, “Acompanhante Perfeita” (Companion) é um thriller de ficção científica que transita de forma impecável entre suspense e comédia, mantendo o público constantemente intrigado e entretido. O filme não apenas cumpre a promessa de entregar uma narrativa tensa e cheia de reviravoltas, mas também surpreende ao inserir um humor bem construído, que nunca destoa da trama, servindo como um alívio cômico natural e pontual.
Na trama acompanhamos Josh (Jack Quaid) e Iris (Sophie Thatcher), um casal aparentemente perfeito. Porém, após uma viagem a uma cabana isolada com alguns amigos, ocorre um evento assustador onde é revelado que na verdade Iris é um robô programado para acreditar que é um ser humano e ser completamente apaixonada por Josh.
Tudo que envolve tal viagem é mais profundo do que imaginamos inicialmente e, conforme os segredos vão se revelando, vemos a busca de Iris para entender quem realmente é e qual seu papel nessa trama confusa e perturbadora. A grande sacada do longa está na maneira como ele explora seu conceito futurista sem cair na armadilha do absurdo. Apesar de ser uma história sobre inteligência artificial e suas implicações no amor e na identidade, tudo que é apresentado já existe em algum nível na realidade.
A tecnologia demonstrada – desde assistentes virtuais até robôs humanoides – trata-se apenas de um leve exagero do que já temos hoje, tornando a narrativa crível e até perturbadora. Nesse sentido, “Acompanhante Perfeita” lembra um episódio de “Black Mirror”, mas com um orçamento maior e mais tempo para desenvolver seu paradigma tecnológico.
Sophie Thatcher entrega uma atuação notável como Iris, equilibrando inocência e ameaça de maneira impressionante. Sua jornada é ao mesmo tempo emocionante e angustiante, uma vez que a cada nova informação apresentada pelo roteiro, a percepção do público sobre o papel da personagem muda, e em cada alteração, a interpretação se mantém igualmente impecável.
Jack Quaid, por sua vez, interpreta Josh com uma mistura de vulnerabilidade e confusão genuína, o que adiciona mais camadas à dinâmica do casal, e assim como sua companheira de tela, também impressiona, entregando uma atuação altamente competente, que consegue acompanhar cada uma das reviravoltas.
À medida que a história avança e a viagem do casal se mostra algo muito mais intrigante do que imaginamos, o filme intensifica seu suspense sem perder o ritmo. As cenas de ação são bem coreografadas e carregadas de tensão, mas sempre intercaladas com momentos de uma leve ironia, tornando a experiência imprevisível e divertida.
Além disso, como toda obra que trabalha inteligência artificial em um cenário de ficção científica, o longa escrito e dirigido por Drew Hancock explora a busca por humanidade, apresentando questões filosóficas sobre a natureza das emoções, da memória e o que vai além de uma programação.
No fim, “Acompanhante Perfeita” é um thriller inteligente e eletrizante, que combina ficção científica, suspense e comédia de forma harmoniosa. Com um roteiro bem construído, performances envolventes e uma estética futurista que parece assustadoramente próxima da realidade, o filme se destaca como uma das melhores surpresas do gênero nos últimos anos.
por Marcel Melinsk – especial para CFNotícias
*Título assistido em Cabine de Imprensa promovida pela Warner Bros. Pictures.