Crítica: A Sniper Russa


“A Sniper Russa” (The Battle of Sevastopol) é um filme de guerra biográfico que conta a trajetória de Lyudmila Pavlichenko (Yulia Peresild), uma jovem estudante soviética que se juntou ao Exército Vermelho. Durante a Segunda Guerra Mundial, em 1941, Lyudmila tornou-se uma talentosa sniper, responsável pela morte de 309 soldados alemães, sendo a maior sniper mulher da história e apelidada de Lady Death (Dama da Morte) pelos jornalistas, com apenas 25 anos.

O filme é uma coprodução entre Rússia e Ucrânia de 2015, dirigida por Serhiy Mokrytskyi. A trama se alterna entre como Lyudmila entrou para o exército e seu período como franco-atiradora e entre o período que esteve nos Estados Unidos e conheceu Eleanor Roosevelt (Joan Blackham), primeira dama norte americana na época. As partes que se passam nos Estados Unidos são retratadas pelo ângulo de Eleanor, que ficou intrigada por Lyudmila e a convidou para se hospedar na Casa Branca. Já as partes de guerra mostram como a jovem se tornou cada vez mais conhecida no exército soviético.

No entanto, a narrativa não romantiza a guerra e mostra que a vida da sniper não foi fácil. Sendo mulher, sua ascensão foi tortuosa e o período no exército, de cerca de apenas um ano, foi cheio de dificuldades, perdas, tristezas e busca por vingança. O filme retrata bem os horrores da guerra e como o senso de humanidade pode se perder em meio a batalhas, mas como o amor e a amizade também pode aparecer em cenários tão inóspitos.

Durante as partes que se passam em território americano, após o período em que Lyudmila serviu no exército, o longa apresenta bem as dificuldades que a jovem tem para se adaptar em ambientes fora da realidade dura da guerra.

Por ser um objeto de fascinação da mídia, como uma surpreendentemente boa sniper, a jovem acaba se tornando uma figura pública que representa o exército soviético, mas sem experiência com política e se considerando apenas um soldado, fica confusa com sua nova posição por ter que lidar com a dualidade de na guerra dever se comportar como um “homem”, mas ter que se comportar também como uma “lady” em frente às câmeras e nas diversas coletivas de imprensa.

A atuação de Yulia Peresild é muito boa e uma das melhores qualidades do longa, apresentando os conflitos psicológicos da protagonista, tanto fora quanto dentro do ambiente de guerra. Os cuidados com os cenários e com as cenas de guerra, também são dignos de aplausos. A produção angariou sete prêmios, entre eles, o de melhor atriz e o de melhor fotografia em festivais internacionais.

“A Sniper Russa”, que estreia na plataforma de streaming Cinema Virtual, é interessante e emocionante, maravilhoso tanto para os amantes de biografias e dramas, quanto para aqueles que gostam de títulos de guerra e ação.

por Isabella Mendes – especial para CFNotícias

*Título assistido via streaming, a convite da Elite Filmes.