Crítica: A Musa de Bonnard


A obra biográfica que retrata a história de um dos principais gênios da pintura chega às telas de cinema brasileiras. “A Musa de Bonnard” (Bonnard, Pierre et Marthe) é uma mistura de romance e drama, que trata da paixão avassaladora de Pierre Bonnard (Vicent Macaigne) e Marthe (Cécile de France).

Pierre se tornou conhecido como pintor da felicidade no período do pós impressionismo.  Suas obras cheias de sentimentos expressando toda sua paixão, luxúria, unidas a um pouco de ludicidade, sempre tiveram como fonte de inspiração sua esposa, Marthe.

O filme retrata bem a narrativa de que o amor do casal é o estopim para o sucesso do pintor, mesmo quando os laços matrimoniais entram em declínio – o que é um fato verídico,  apesar da narrativa abordar de um modo diferente daquele que os registros históricos apontam.

Num contexto geral, a obra visa destacar as formas de expressões sentimentais através da arte, sejam elas sentimento de alegria, amor, raiva ou tristeza. Isso é notório no desenvolvimento do personagem de Marthe e todas as reviravoltas pelas quais passou.

O diretor Marc Abdelnor conseguiu criar um roteiro cativante e que transmitisse a essência do amor entre casal e a explosão de talento do artista em seus momentos voltados para o trabalho.

Tal feito se deve em grande parte à fotografia (de Guillaume Schiffman) cheia de cores vibrantes e vivas, assim como as obras de Pierre, o que é pouco comum quando se trata de títulos franceses, sobretudo nos que narram romances, pois foge daquelas imagens mais escuras, e ousa mais no quesito cores e enquadramentos. O figurino (de Pierre-Jean Larroque) também se destaca, tendo em vista a moda francesa do século XIX.

Como ponto negativo, temos a narrativa de que o casamento de Pierre é Marthe foi um “felizes para sempre,” fato esse que não é verídico, uma vez que houve um desgaste e até uma separação.  Todavia, é compreensível a licença poética do autor.

“A Musa de Bonnard” deixará o telespectador cheio de inspiração, e com entendimento de que não basta talento somente, também tem que haver perseverança para alçar voos mais altos.

por Leandro Conceição – especial para CFNotícias

*Título assistido em Cabine de Imprensa Virtual promovida pela California Filmes.