Crítica: A Maldição do Queen Mary


Com uma filmografia bastante contida no currículo (sendo “Drácula: A história nunca contada”, de 2014, o título de maior destaque), o cineasta irlandês Gary Shore assume o roteiro (ao lado de Stephen Oliver e Tom Vaugham) e a direção de um novo longa com tom sobrenatural.

Filmado na embarcação original do título – que, desde 1967 está atracada em Long Beach, recebendo o público como uma atração turística – “A Maldição do Queen Mary” (Haunting of the Queen Mary) se apoia em duas épocas distintas para contar seu enredo.

Uma parte se desenvolve em 1938, durante as festividades de Halloween, quando David (Will Coban) e Gwen Ratch (Will Coban e Nell Hudson, respectivamente) tentam, durante sua viagem na embarcação, conseguir um papel no cinema, para sua filha única, Jackie (Florrie May Wilkinson).

Mas, as coisas saem completamente do controle, após a suposta ação de espíritos de pessoas que faleceram no local e que agora têm a capacidade de possuir membros de passageiros desavisados.

O quebra-cabeça é completo com a trama passada em dias atuais, envolvendo uma mãe e seu filho único – Erin e Lukas Calder (Alice Eve e Lenny Rush). Junto ao companheiro de Erin, Patrick (Joel Fry), eles decidem embarcar no navio, a fim de conhecer melhor as luxuosas dependências e tentar emplacar o lançamento de um livro que traria relatos de experiências sobrenaturais ali vividas.

Ambas as narrativas acabam sendo importantes para o espectador entender algumas situações – sejam as registradas na década de 1930, ou as de agora. Em comum, a percepção de que a saída não será tão facilmente alcançada.

A história em si, assim como a construção do enredo que mistura o passado e o presente das duas famílias é interessante. Essa variação de tempo torna-se um artifício para que a obra não se torne entediante (apesar de sua duração exagerada), mas existem muitos pontos previsíveis e com soluções duvidosas.

Por outro lado, a relação entre os personagens não é bem elaborada, e as explicações para muitos elementos apresentados deixa a desejar. Arrisco dizer que se a produção mostrasse apenas eventos do passado seria excelente, já que o conteúdo é bem atrativo.

Mas, é justamente nisso “A Maldição do Queen Mary” peca. Depois de um tempo, parece haver uma falta de motivação dos personagens, mesmo em situações que deveriam promover um desenvolvimento adiante.

No geral, o aspecto técnico é bom: o cenário é bem aproveitado, a filmagem é eficaz. E alguns elementos são apresentados na tela nos momentos certos, a fim de gerar algum suspense e, quem sabe, provocar medo no público.

Em resumo, a sensação que é que o filme, assim como o navio, encalha e não consegue sair do lugar.

por Artur Francisco – especial para CFNotícias

*Título assistido em Cabine de Imprensa promovida pela Diamond Films.