Crítica: A Maldição do Espelho

A Distribuidora Paris Filmes já conta com um histórico de filmes de terror russo, como “A Noiva”, de 2017 e A Sereia – Lago dos Mortos”, de 2018, ambos dirigidos por Svyatoslav Podgayevskiy. O mais novo título dessa leva é o “A Maldição do Espelho” (Queen of Spades: Through the Looking Glass).

Dirigido por Aleksandr Domogarov, é a sequência do “A Dama do Espelho: O Ritual das Trevas” (Queen of Spades: The Dark Rite) lançado em 2015. O filme traz o ressurgimento do terrível fantasma da Rainha de Espadas em um novo cenário: um colégio interno instalado em uma antiga mansão vitoriana.

Acompanhamos a adolescente Olya e pequeno Artyom (interpretados por Angelina Strechina e Daniil Izotov), meio irmãos que são obrigados a irem juntos para uma escola interna depois da morte trágica da mãe em um acidente de carro do qual os dois sobreviveram. Lá, Olya se envolve com outros adolescentes, mas Artyom, se sentindo abandonado pela meia irmã, é assombrado pela Rainha de Espadas que ele acredita ser o fantasma de sua mãe.

A trama se desenvolve a partir do momento em que os adolescentes e o garoto encontram um antigo e sombrio cômodo da mansão e invocam a Rainha de Espadas em frente a um espelho antigo para que ela, seguindo a lenda local, realize seus desejos. Os desejos se realizam, mas de formas terríveis e a um alto custo. A partir daí acompanhamos os personagens tentando escapar das mãos da Rainha que quer levar suas almas como pagamento.

O tema de fantasmas e entidades malignas invocadas por espelhos pode parecer batida, mas o que muitos espectadores podem não saber é que, assim como Bloody Mary e a Loira do Banheiro, A Rainha de Espadas é uma lenda urbana comum na Rússia, para a qual o diretor tentou dar uma nova roupagem e recontar sua possível origem. A lenda é também ligada a invocações em frente a espelhos e muitos acreditam que teve influência do conto sobrenatural russo “A Rainha de Espadas”, escrito em 1883 por Alexander Pushkin e que ganhou uma ópera alguns anos depois.

O filme tem um belo cenário, a misteriosa escola vitoriana com ar de eterno outono, mas se foca mais em jumpscares do que em construir um clima assustador e sombrio. Apesar de falhar na construção de uma entidade realmente assustadora, conta com bons momentos, que infelizmente não são tão bem aproveitados devido à escolha de usar a dublagem em inglês ao invés do áudio original russo.

Pode-se dizer que o longa se sai melhor que seus sucessores de gênero, mas que ainda precisaria trilhar um caminho para realmente agradar o público internacional.

por Isabella Mendes – especial para CFNotícias

*Filme assistido durante Cabine de Imprensa promovida pela Paris Filmes.