Crítica: A Colina Escarlate


acolina001 “Fantasmas são reais, disso eu sei”. O trecho que inicia o roteiro do mexicano Guillermo Del Toro apresenta Edith Cushing (Mia Wasikowska), uma promissora escritora que vê fantasmas desde a infância. Seu convívio com o sobrenatural se intensifica quando conhece “A Colina Escarlate” (Crimsom Peak).

Os responsáveis pela chegada de Edith ao casarão são os irmãos Sharp (Tom Hiddleston e Jessica Chastain), dois fracassados que vivem de delirantes esquemas contra jovens ricas e solteiras. A macabra mansão e a presença de seres de outro mundo são os culpados pelo declínio da sanidade de Edith.

Hiddleton, que substituiu o competente Benedict Cumberbatch, não fez feio. Mas o prêmio para desempenho é de Chastain. O amor doentio de Lady Lucille pelo irmão intensificou a trama, a tornou densa e menos genérica.

A grande problemática fica por conta da expectativa que é gerada por qualquer novo projeto do talentoso Del Toro. “A Colina Escarlate” não é um de seus melhores trabalhos uma vez que peca pela obviedade. Do ponto de vista criativo, o longa não passa de uma versão piorada de “O Labirinto do Fauno” (2006).

Os conceitos “casamento por dinheiro” e “amor psicótico” não passam de fórmulas diversas vezes repetidas no cinema. No entanto, o que geralmente diferencia o trabalho do diretor mexicano é sua estética sombria e a atenção aos objetos cênicos, características notáveis nas locações escolhidas por ele durante o longa.

Em suma, o romance é muito bem executado, mas falha na tentativa de inovação. Abusa dos “vícios do terror” (mocinha ouve som suspeito e insiste em checar sua origem) e deixa pontas soltas, como a paixão da protagonista pela escrita, esquecida no desenrolar da trama.

por Otávio Santos