Crítica – A Bruxa dos Mortos: Baghead


Não são raros os casos em que vemos curtas-metragens com ideias interessantes sendo transformados em longas-metragens, tendo seu conceito ampliado e desenvolvido ao longo de um tempo de tela maior.

Porém, nem todos os enredos desses curtas conseguem se manter relevantes em uma narrativa mais extensa, e esse é o caso de “A Bruxa dos Mortos: Baghead” (Baghead), dirigido por Alberto Corredor – o diretor do curta-metragem que deu origem a essa produção – e protagonizado por Freya Allan, a Ciri do seriado “The Witcher”.

Na trama, acompanhamos Iris, uma estudante de artes que enfrenta sérios problemas financeiros. Após a morte de seu pai Owen (Peter Mullan), com quem não tinha contato há anos, ela herda um antigo bar que abriga uma criatura (interpretada por Anne Müller) vivendo em seu porão. Essa entidade possui um visual criativo, com um saco de pano cobrindo seu rosto. Após engolir um objeto de alguém falecido, a bruxa pode se transformar na pessoa.

Eventualmente, Iris descobre que seu pai cobrava dinheiro de pessoas enlutadas para que pudessem se encontrar com seus entes queridos por meio da criatura. No entanto, havia um limite de dois minutos, e se esse período fosse ultrapassado, a bruxa tomava o controle do falecido, só podendo ser detida por ordem do proprietário do bar.

O filme incorpora todos os clichês de obras de terror que se tornaram padrão em Hollywood nos últimos anos, desde os previsíveis “jump scares” localizados estrategicamente os momentos mais previsíveis da trama, até a figura de CGI duvidoso se movendo pelas paredes, reminiscente de películas como “O Exorcista: O Início” e “Homem-Aranha”, de mais de duas décadas atrás.

O aspecto mais lamentável desses problemas, é que a trama não necessitava de tais artifícios para construir sua criatura. Os momentos em que a bruxa do título de fato se destaca são nas cenas em que ela é construída em efeitos práticos, evidenciando que, se a direção não se rendesse aos processos formulaicos de produções de terror atuais, o resultado da vilã seria mais satisfatório do que o apresentado no corte final.

“A Bruxa dos Mortos: Baghead” possui um conceito extremamente criativo, mas é mal aproveitado. Mesmo com uma duração curta de apenas 94 minutos, não consegue desenvolver de forma satisfatória nem os personagens que conduzem a trama, nem a bruxa do título (provavelmente teria sido mais eficaz manter uma aura de mistério em torno de sua origem).

Em suma, “A Bruxa dos Mortos: Baghead” não traz nenhuma inovação e falha ao apresentar bem os clichês que utiliza. Às vezes, uma boa ideia não é suficiente para gerar um bom resultado, se não houver um desenvolvimento competente.

por Marcel Melinsk – especial para CFNotícias

*Título assistido em Cabine de Imprensa promovida pela Imagem Filmes.