Crítica: 13 Exorcismos


Logo em seu início, “13 Exorcismos” se identifica como uma obra de ficção baseada em diversos casos de possessão que ocorreram na Espanha, e revela que, no país, apenas quinze padres católicos têm a permissão do Vaticano para realizar tais atos de expulsão diabólica.

O que significa que o roteiro de Ramón Campos, Salvador S. Molina, Gema R. Neira, David Orea e Carlos Ruano dá a liberdade ao espectador para tentar perceber o que do material visto é criado e o que advém de experiências reais, das declarações de pessoas que passaram pelos rituais religiosos. E isso é uma das coisas mais interessantes da produção.

A trama – apresentada através de uma fotografia bastante escura – gira em torno de Laura Villega (María Romanillos), uma jovem de 17 anos, que parece viver um momento de complicada transição em sua vida, já que não consegue conciliar os desejos típicos da idade, aos ideais esperados por uma família cujas bases são firmemente calcadas em um cristianismo conservador.

O problemático histórico familiar – que inclui a morte do caçula, Adrián (voz de Joan Navarro), a paraplegia do filho mais velho, Jesús (Pablo Revuelta), e os distúrbios alimentares de Laura, talvez seja a melhor justificativa para que o casal Tomás (Urko Olazabal) e Carmen (Ruth Díaz) se apegue à religião de maneira tão arraigada, o que significa que, qualquer coisa que sai de seu aparente controle, é vista como pecado ou erro.

Tais pensamentos fazem com que Laura precise agir às escondidas quando, decide ir a uma Festa de Halloween com amigos de escola. Mas, não seriam adolescentes de uma produção de terror se não fizessem algo põe em dúvida sua inteligência: neste caso, entram em uma casa abandonada, que, há anos, foi palco de um múltiplo assassinato – o médico que lá residia matou a esposa e os filhos, sob a justificativa de estar possuído por forças malignas.

Após a velha (mas não tão boa) “brincadeira” de evocar espíritos, o grupo acaba sendo responsável pela suposta possessão de Laura. Tal ato se torna o centro da narrativa, quando passa a ser ferrenhamente debatido por dois lados opostos e que, dependendo do momento, parecem ter razão em suas colocações.

Por parte da religião, temos a figura de Padre Olmedo (José Sacristán) que estará à frente dos tais exorcismos do título (cuja explicação para a quantidade limitada é muito válida). Em defesa dos céticos, há a figura de Lola (Silma López), psicóloga que atua na escola de Laura e que buscará explicações “racionais” para comportamentos cada vez mais perigosos e condenáveis da garota.

Essa “disputa” para provar quem está certo é a coisa que funciona melhor em “13 Exorcismos”, uma vez que a história em si não traz nada de novo ao subgênero de terror em que se encaixa, e que já é explorado há tantos anos, com assustadora frequência. Assim como as atuações (e os próprios personagens) têm uma qualidade apenas mediana.

Embora não tenha força para marcar seu nome entre os melhores longas que seguem por esse caminho das possessões e suas consequências, é possível dizer que o filme, dirigido por Jacobo Martínez, no geral, se destaca por algumas boas sequências – três, coincidentemente (ou não), passadas em banheiros, em uma crescente de acontecimentos que faz com que desenvolvamos certo receio ao ver a representação desses cenários em tela.

por Angela Debellis

*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.