Bienal do Livro Rio apresenta o #acampamento na bienal
O segundo dia da Bienal do Livro Rio, que vai até 8 de setembro, foi marcado pela abertura do #acampamento na bienal, espaço dedicado à cultura jovem e uma das grandes novidades desta 16ª edição. O curador, João Alegria, conta que colocar em pauta assuntos que gerem algum tipo de debate é exatamente a função do #acampamento na bienal. “Acredito que os jovens têm muito a dizer e queremos saber o que eles pensam”, comenta.
A primeira mesa do espaço contou a participação de André Fran, autor do livro “Não conta lá em casa”, baseado na série de televisão homônima atualmente na sexta temporada. O encontro com os jovens foi marcado pela curiosidade a respeito das viagens mostradas no programa, sempre indo até lugares onde existe algum tipo de conflito.
No começo da conversa, André contou ao público como ele e mais três amigos decidiram criar o programa. O autor também respondeu a perguntas sobre países como a Coreia do Norte e a sensação de estar em um local contaminado pela radiação como Chernobyl, na Ucrânia.
O livro “Não conta lá em casa” é um exemplo da convergência abordada no #acampamento na bienal. Além de assistir à série, os fãs poderão expandir o conteúdo com uma visão particular de André Frans sobre alguns países e ainda receber dicas do autor para viagens a países hostis.
Ainda no #acampamento, a segunda mesa do dia levantou um tema atual de interesse da maioria da população, o Marco Civil da Internet. Para falar sobre o assunto, o convidado foi o deputado Alessandro Molon, autor do projeto de lei. Na conversa ele explicou os três pontos principais do texto que regulamenta a rede e aborda a proteção de dados dos usuários, liberdade de expressão e neutralidade.
Segundo o parlamentar, a aprovação da lei é de extrema importância, na medida em que vai impedir a venda de dados dos usuários, permitir que cada um tenha o direito de expressar sua opinião nas redes sem que a empresa de mídias sociais seja punida por informações publicadas por terceiros antes de uma decisão judicial e garantir a neutralidade na troca de dados, o que certifica ao usuário a mesma velocidade para acesso a qualquer site.
Fechando o dia do #acampamento, o Secretário de Cultura do Rio de Janeiro Sergio Sá Leitão tratou da economia criativa voltada a uma nova geração de empreendedores – os jovens. Sérgio deu início à conversa explicando o significado de economia criativa. Segundo ele, o termo pode ser definido como um conjunto de atividades geradoras de valor que agrega à criatividade humana. Os setores que compõem essa economia são atividades culturais e de serviços criativos como, por exemplo, cinema, literatura, design e arquitetura, entre outros. Esse setor tem um papel fundamental na economia, travando verdadeiras batalhas politicas e econômicas.
Ao final, Sérgio Sá enfatizou o protagonismo do Brasil como um dos protagonistas nesse setor, já que o país tem a maior diversidade cultural e, consequentemente, acaba por se tornar um dos lugares onde existe a maior chance de sucesso na economia criativa. E, assim, o Brasil tem pela frente o desafio de aproveitar e desenvolver seus jovens.
Que país do futebol é este?
Um dos momentos mais acalorados da programação do segundo dia da Bienal foi a mesa “Que país do futebol é este?”, composta pelos jornalistas Juca Kfouri e José Trajano. No debate, que aconteceu no espaço Placar Literário, os jornalistas fizeram duras críticas às atuais condições do futebol brasileiro. O mediador João Máximo, também curador do espaço, atiçou o debate: “Por que estamos em nono lugar no ranking mundial atrás de países como Croácia e Colômbia? Ainda temos o melhor futebol do mundo? Por que esvaziaram os nossos estados?”
“O principal esporte do país é comandado por gente perversa e salafrária. Pessoas do mal, que não se importam com o torcedor, com a paixão e se interessam apenas no dinheiro”, polemizou Trajano. Concordando com as afirmações do colega, Kfouri acrescentou que o futebol no Brasil está cada vez mais elitista. “Um péssimo exemplo disso foi na Copa das Confederações. Até no jogo da Nigéria em Salvador o público era predominantemente branco. Precisamos voltar ao tempo em que estádio não era erroneamente chamado de arena e que todos podiam assistir a seus times”, discursou.
Mudanças geográficas
Em seu segundo dia de programação, o Café Literário promoveu um bate-papo com três mulheres que possuem em comum, além da literatura, as mudanças geográficas: Olga Grjasnowa nasceu na Rússia e mudou-se para a Alemanha, Carmen Stephan viveu alguns anos no Brasil como correspondente e a chilena Carola Saavedra mora no Rio de Janeiro desde os três anos de idade, além de ter passado alguns anos na Europa.
As autoras falaram sobre as influências desta mobilidade em suas obras publicadas. “Em princípio, tudo o que escrevemos tem algo de autobiográfico. Geralmente, estas características estão distribuídas em todos os personagens e estas mudanças em minha vida têm participação no que escrevo”, conta a jovem Olga.
Para a escritora e jornalista Carola Saavedra, a escolha por escrever livros em língua portuguesa e a influência dela em suas obras vêm da sua identificação com o idioma. “Me perguntam por que não escrevo em espanhol, e eu digo que minha língua materna é o português. Fui alfabetizada aqui no Brasil e me expresso neste idioma”, diz.
Sabedoria, encontros e invenções ficcionais
Ao fim da tarde, no mesmo Café Literário, aconteceu a mesa “Sabedoria, riso, seriedade”, com as escritoras Andrea del Fuego e Marcia Tiburi. Mediada por Clarisse Fukelmann, o papo descontraído ressaltou como esses três elementos são temas essenciais para a filosofia e literatura. As autoras – duas das mais importantes da nova geração da literatura brasileira – falaram sobre o processo criativo e defenderam que dosando riso e seriedade é possível alcançar a sabedoria.
Encerrando o Café Literário desta sexta, a fronteira entre o real e o fictício e os caminhos entre a vida e a invenção foram os temas debatido entre os escritores Claudia Lage e Zuenir Ventura, no Café Literário. Tendo como base seu último romance, “Sagrada família”, assumidamente baseado em suas memórias, Zuenir, um dos autores que mais estiveram presentes na programação cultural na história da Bienal, deu uma verdadeira aula sobre processo criativo e foi ovacionado pelo público. O papo, descontraído e recheado de boas referências, foi mediado por Suzana Vargas.
Já no Mulher e Ponto a mesa “Encontros e Desencontros” colocou frente a frente o psicanalista Alberto Goldin e a juíza Andrea Pachá. Sob mediação de Bianca Ramoneda, os autores trocaram experiências sobre as expectativas em relações amorosas. Enquanto Goldin falou dos sintomas da busca pela felicidade baseada em uma suposta perfeição dos relacionamentos, Pachá citou exemplos para defender uma infantilização da sociedade e mostrar que, em muitos casos, os relacionamentos chegam ao fim porque os casais não sabem o que esperar do casamento.
Negócios
Pela primeira vez na Bienal do Livro, o Salão de Negócios – atividade já consolidada em feiras literárias estrangeiras – tem como objetivo reunir profissionais literários de diversas nacionalidades, facilitando o contato entre o Brasil e outros países.
Segundo Flavia Siqueira, sócia da Bookcase, o salão representa o primeiro passo junto aos autores e editoras interessados neste intercâmbio, o que aquece o mercado literário nacional e internacional. “A feira é um excelente local para fazer negócios. Apresentamos autores estrangeiros ao Brasil antes de virarem best-sellers lá fora e vice-versa. Quem tiver interesse é só nos procurar”, conta Meire Dias, também sócia da Bookcase.
O Salão de Negócios, localizado no Pavilhão Verde da Bienal, funcionará até sábado (31), das 10h às 18h.
Nesta sexta aconteceu também a CONTEC BRASIL – conferência internacional sobre as novas formas de ensino. Com programação em horário integral no auditório Raquel de Queiroz, as palestras reuniram especialistas de diversos países para discutir cases de sucesso e inovações na aplicação da tecnologia ao ensino de crianças e jovens.
O subsecretário de novas tecnologias educacionais da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, Rafael Parente, apresentou métodos de ensino que têm como suporte a tecnologia para criar modelos interdisciplinares e estimular o desenvolvimento individual dos estudantes. “A tecnologia permite quebrar as barreiras do espaço e do tempo. As estruturas educacionais de ensino à distância, funcionam à medida que se tem a noção de que os alunos não aprendem somente na escola, mas também fora dela. O método de ensino tradicional não se adequa mais ao perfil do novo aluno, que está conectado e inserido no mundo digital”, afirma.
A CONTEC BRASIL é organizada pela Feira do Livro de Frankfurt.
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da Redação CFNotícias