Crítica: Lobisomem


A lenda do Lobisomem, uma das figuras mais icônicas do imaginário popular, tem sido recontada de inúmeras maneiras ao longo dos anos. A história do homem que se transforma em uma fera selvagem e implacável foi adaptada ao cinema de várias formas, mas é no filme de 1941, “The Wolf Man”, que reside sua versão clássica.

Agora, sob a direção de Leigh Whannell, temos uma tentativa de atualização dessa mitologia, trazendo uma nova roupagem ao conto original, mas sem deixar de lado os elementos que definem sua origem.

O enredo de “Lobisomem” (Wolf Man) segue Blake (Christopher Abbott), sua esposa Charlotte (Julia Garner) e a filha do casal, Ginger (Matilda Firth), enquanto eles viajam até a casa de Grady Lovell (Sam Jaeger), falecido pai do protagonista. Lá, após um ataque de uma criatura invisível, a família se refugia em uma fazenda isolada, onde começam a perceber mudanças estranhas no comportamento de Blake. À medida que a noite avança, ele se transforma em algo irreconhecível, um ser que beira o monstruoso.

O maior mérito do filme reside em sua dedicação a capturar a atmosfera do clássico de 1941, trazendo uma estética que remete diretamente aos títulos de terror da época. Whannell opta por usar efeitos práticos, criando uma sensação de nostalgia que transporta o espectador para uma era do cinema em que o suspense e a tensão eram construídos com mais sutileza do que com o uso de CGI.

A transformação do Lobisomem, embora já conhecida, é executada de maneira competente, mantendo a criatura envolta em sombras e criando uma tensão palpável enquanto o público tenta decifrar a verdadeira natureza da ameaça. No entanto, a tentativa de reinterpretação acaba caindo em alguns clichês previsíveis. Muitas cenas seguem uma fórmula já saturada, onde a resolução dos conflitos é facilmente antecipada, sem grandes surpresas ou inovações.

Em relação ao elenco, a produção não se destaca por grandes performances. As atuações de Christopher Abbott e Julia Garner são boas, mas não há nada que realmente chame a atenção. Eles cumprem suas funções no contexto de um suspense que exige mais tensão atmosférica do que complexidade emocional. Ainda assim, o longa cumpre seu papel como uma versão renovada de um clássico.

“Lobisomem” é uma obra que vale a pena ser conferida no cinema, especialmente para os fãs de filmes de terror antigos. Com uma narrativa que une os arquétipos do passado a um ritmo mais contemporâneo, oferece ao espectador a sensação de estar imerso em uma história que, embora não se reinvente completamente, ainda é capaz de despertar o medo e a fascinação pelas antigas lendas cinematográficas.

por Artur Francisco – especial para CFNotícias

*Título assistido em Cabine de Imprensa promovida pela Universal Pictures.