Crítica: Inverno em Paris
“Inverno em Paris” (Le lycéen / Winter Boy) é aquele tipo de filme que dificilmente alguém vai assistir e não fazer uma auto-análise, tendo em vista que a narrativa é bem comum, todos conhecem alguém que já passou por algo similar ao que o protagonista está passando em relação à sexualidade.
É um longa sensível, emocionante, questionador e que, ao mesmo tempo, mostra que qualquer questionamento ou divergência de atitudes ou opiniões não são nada, pois o amor de uma família tudo supera e tudo responde, seja com palavras, gestos, olhares ou simplesmente a companhia.
A história trata sobre o luto de uma maneira muito real, sem melodrama. O jovem Lucas Ronis (interpretado por Paul Kircher) tem toda a sua vida abalada após seu pai morrer em fatídico acidente de carro. Ele, sua mãe e seu irmão se deparam com suas vidas mergulhadas na dor e incerteza de como prosseguir diante da situação.
Lucas está na transição da adolescência para vida adulta e se descobrindo sexualmente. Após os acontecimentos tão abruptos, ele embarca para Paris com seu irmão Quentin (Vicent Lacoste) é nesse momento que se inicia sua jornada de descobertas, conflitos emocionais, amor e sexo.
Em outra ponta da narrativa está a mãe de Lucas, Isabelle (vivida por Juliane Binoche – ou seja, um show de atuação garantindo). Ela fica em sua casa sem os filhos e tendo que ser a mãe super protetora, viver o seu luto e decidir como será a família a partir de então. Qualquer semelhança com uma mãe da vida real não é mera coincidência.
Fato é que, não é um papel de grandes falas, mas Juliane Binoche, como em qualquer outra atuação, trouxe brilhantismo e muita emoção. A fotografia do inverno francês cinzento com dias intermináveis ajuda a criar o cenário de drama, mas o que a atriz transmite através do olhar e do respirar de dor, não é qualquer uma que consegue fazer.
Num contexto geral, o diretor / roteirista Christophe Honoré fez uma obra prima, um verdadeiro presente aos espectadores, sabendo escolher muito bem o elenco, cujas falas são poucas, mas as atuações com olhares e sentimentos são imprescindíveis. Utiliza a fotografia meio sombria do inverno em Paris e poucos artifícios de câmera, porém todos certeiros.
“Inverno Em Paris”, a princípio, parecia ser uma produção cansativo com falas bem espaçadas (típico do cinema francês), mas todo o elenco dá um show de atuação, fazendo com o que os diálogos escassos sejam apenas um detalhe no meio de tanto sentimento que os atores transmitem.
Quando começa a entender a narrativa – o que é logo no início, pois os acontecimentos mais marcantes estão nos primeiros minutos -, o espectador já não vai querer perder nenhum mínimo detalhe, uma vez que, inconscientemente já estará cativado pela obra.
por Leandro Conceição = especial para CFNotícias
*Título assistido em Cabine de Imprensa Virtual promovida pela Pandora Filmes.