Primeiras impressões sobre a segunda temporada de “O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder”

Se tem um fandom extremamente cuidadoso e crítico em relação a sua obra de devoção, são os fãs de Tolkien, pois até mesmo o aclamado diretor Peter Jackson enfrentou criticas por suas escolhas criativas quando a trilogia “O Senhor dos Anéis” estreou no início dos anos 2000.

Então, é natural que a primeira temporada da série “Os Anéis de Poder”, concebida pelo Prime Vídeo, também tenha recebido a sua porção de críticas em relação a sua adaptação e estética. Contudo, tendo em vista a dificuldade de se criar uma obra coesa possuindo os direitos somente de apêndices do autor, é louvável o trabalho realizado para trazer à vida o misterioso período da Segunda Era da Terra Média.

Mesmo com esse discernimento, é inegável que a primeira temporada apresentava uma série de problemas, tanto técnicos quanto criativos. Porém, com certa tranquilidade após assistir (na tela grande!) aos dois primeiros episódios da segunda temporada, podemos constatar que a série melhorou em praticamente todos os pontos!

Na questão narrativa, a primeira temporada tomou a errônea decisão de tentar abordar todos os núcleos da série em cada um dos episódios exibidos, o que se mostrou equivocado por apresentar dificuldade de desenvolver com mais calma cada um dos grupos de protagonistas da série e criar identificação com o público.

Nessa nova temporada, vemos que cada episódio se foca em dois núcleos no máximo, o que permite uma imersão e desenvolvimento melhor de cada personagem.

A fotografia e o figurino, que em muitos momentos na temporada passada pareciam limpos em excesso (chegando a serem comparados com produções de novelas brasileiras), agora apresentam uma saturação mais controlada e figurinos mais batidos e sujos, o que traz uma carga realista para a construção de mundo e o afasta do aspecto novelesco.

Um dos elementos mais controversos que o primeiro ano da série apresentou foi a mudança do cânone (chamado de Legendário pelos mais aficionados por Tolkien) no roteiro da série. Na obra original, quem manipula os elfos para a confecção dos anéis de poder é um ser chamado Annatar, porém este foi substituído pelo humano denominado Halbrand obra televisiva.

Essa substituição foi controversa e provocou discussões acaloradas entre os fãs, mas logo nos primeiros episódios, Annatar é introduzido de forma coesa, sem tirar a legitimidade da primeira temporada e demonstrando o compromisso dos Showrunners em adaptar com mais fidelidade o material literário.

Ainda é muito cedo para apresentar uma análise crítica substancial sobre a temporada inteira, todavia, já é possível se empolgar com a sucessão de acertos que o Prime Video promoveu para tornar a série “Anéis de Poder” ainda mais empolgante e bonita que seu ano anterior.

Que essa melhora exponencial se mantenha não só por toda a temporada, mas também pelas próximas, que, se forem fiéis ao material original, prometem uma aventura tão épica quando a vivida por quatro Hobbits há mais de vinte anos!

por Marcel Melinsk – especial para CFNotícias