Crítica: Salamandra

Baseada no romance de Jean-Christophe Rufin, a narrativa de “Salamandra” acontece em torno de Catherine (Marina Föis) que lida com o luto devido a morte de seu pai, além de encarar os questionamentos causados pela chegada da meia idade.

Catherine tem o curso de sua vida alterado devido ao luto, quando precisa largar sua vida na França e se mudar pra Recife, local onde o contraste social é gigantesco. Lidar com uma nova cultura, novos valores, novas relações, tudo isso faz com que a história se apresente com clareza logo no início do filme.

Uma protagonista cheia de angústia e emoções reprimidas, com gana de viver experiências fora do seu contexto social que a reprimia. Catherine encontra no jovem Gil (Maicon Rodrigues) todo o fôlego de vida que, por vezes, sentia que lhe faltava.  Envolvendo-se em uma tórrida paixão que mais uma vez sua trajetória, um relacionamento com poucas palavras e muito toque físico.

Num contexto geral, o roteiro traz muitas reflexões sobre procrastinar a nossa própria vida e negligenciar as nossas vontades.  Precisou de um cenário de morte para que a personagem despertasse e percebesse que o tempo de viver o que sente e sonha é o agora. E que nunca é tarde demais pra viver coisas novas, encarar uma nova realidade, se apaixonar loucamente.

Dirigido por Alex Carvalho, que também é o roteirista e um dos produtores do longa, é notório que para além do entretenimento e adaptação do livro de mesmo nome, o diretor traz ao espectador uma certa crítica à desigualdade social, e, se lermos nas entrelinhas, está um alerta para que as pessoas cuidem mais de seus próprios sentimentos.

Não procurando ou direcionando a sua felicidade a pessoas ou coisas, antes disso, é preciso estar bem consigo mesmo, para poder se relacionar nesse mundo, ferindo-se o mínimo possível. Isso é notório quando analisamos a guerra infindável de Catherine: o conflito constante entre emoções e realidade, o que ela sente não condiz com o mundo ou com a bolha na qual está inserida.

“Salamandra” tem uma excelente qualidade, com atuações impecáveis, onde olhares e gestos são mais significativos que a fala, e, nesse quesito, o elenco não deixou a desejar. O diretor também soube usar bons efeitos fotográficos a seu favor, deixando a obra ainda mais interessante. Um filme sensível e emocionante para quem se dispõe a mergulhar na história, cuja mensagem principal é autoconhecimento.

por Leandro Conceição – especial para CFNotícias

*Título assistido em Cabine de Imprensa Virtual promovida pela Pandora Filmes.