Crítica: A Cidade dos Abismos


Em uma fatídica noite de véspera de Natal, Glória (Verónica Vallentino) – uma mulher trans, Bia, (Carolina Castanha) – uma jovem da classe média paulistana, Kakule (Guylain Mukendi) – um imigrante africano e a jovem Maya (Sofia Riccardi) se encontram num bar no centro da cidade de São Paulo.

Em meio à solidão, conexões e desconexões, Maya é assassinada.  O evento, vivenciado num bar decadente da capital paulista, muda o destino de suas vidas e um inexorável anseio por justiça perpassa o destino dos personagens, que se unem saltando em direção ao metafórico precipício.

“A Cidade dos Abismos” é dirigida por Priscyla Bettim (também roteirista) e Renato Coelho, e retrata muito bem áreas esquecidas da grande metrópole que é São Paulo, assim como pessoas que se tornam esquecidas pela cidade. O título já sugere um lugar que não é igual para todos seus habitantes.

O filme tem um ar onírico e uma condução poética, ao mesmo tempo em que carrega uma grande carga política ao tentar dar voz a corpos desprezados que sofrem de violência e descaso público. Do início ao fim, uma atmosfera fúnebre se recusa a abandonar os personagens e faz com que eles se movimentem, já que para eles, depois da morte de Maya, nada mais foi igual.

A atriz Verónica Valenttino (que interpreta a protagonista Glória), tem uma atuação comovente e impactante. “A Cidade dos Abismos” também conta com participação especial do Padre Júlio Lancellotti, conhecido por sua participação na luta pelos direitos daqueles que são rejeitados pela grande cidade de abismos que é São Paulo.

por Isabella Mendes – especial para CFNotícias

*Título assistido em Cabine de Imprensa Virtual promovida pela Boulevard Filmes.