Resenha: One Piece Odyssey


A longeva franquia One Piece, além do mangá e do anime que sustentam a franquia com mais de mil capítulos e longe de acabar, possui uma dezena de games para as mais diversas plataformas. One Piece Odyssey é o seu jogo mais recente trazendo o universo dos piratas com estranhos poderes para o universo dos JRPGs de turnos da geração atual e tivemos o prazer de jogar as primeiras horas do jogo.

Aqui os heróis vão parar numa ilha misteriosa onde um dos seus habitantes rouba parte de suas memórias. Logo a aventura se alterna entre explorar os segredos da ilha e navegar nas lembranças de suas aventuras anteriores.

Um RPG ocidental mais clássico prioriza a alta customização do personagem e a geração de complexas masmorras, inclusive estamos em uma onda de jogos de mundo aberto justamente para expandir essa complexidade de exploração de cenários.

Já um JRPG ainda possui as características de exploração e customização necessárias para a própria definição do gênero, mas bem menores pois seu foco maior é em contar uma história mais linear, o que se encaixa com perfeição por tratar-se de um jogo de personagens tão consagrados.

Logo no início você já tem sete personagens disponíveis da tripulação do pirata Luffy. Na parte de exploração, seja das cidades, paisagens naturais ou dos labirintos subterrâneos, você pode alternar livremente entre qualquer membro da tripulação com cada  um deles possuindo habilidades distintas para chegar em regiões distintas do cenário.

Como a elasticidade dos braços de Luffy funcionando como cordas de longo alcance ou o tamanho pequeno de Chopper que permite entrar em aberturas reduzidas demais para os outros tripulantes. Além da história principal também existem quests optativas, pequenas missões extras escondidas com sua própria bonificação.

Alguns podem ficar receosos pelo sistema de batalha por turno, já que a maioria dos games da franquia é de ação e mesmo os maiores sucessos de RPG dos últimos anos têm o combate em tempo real.

Contudo, o sistema de turnos de One Piece Odyssey é bem claro e fácil de pegar, possuindo algumas características que o tornam bem dinâmico, como o jogador podendo alterar a ordem de ação dos heróis e a composição do time a qualquer momento (você tem sete heróis, mas pode ter apenas quatro deles em combate), além de desafios extras que surgem no meio dos combates, não sendo elas obrigatórias, mas dando itens e experiência aos personagens. Isso tudo mantendo a complexidade de um sistema de forças e fraquezas para os adversários assim como toda uma base de posicionamento estratégico.

No jogo não existem combates aleatórios, você vê os inimigos cruzando o mapa podendo fugir ou caçar eles de acordo com sua estratégia pessoal, sendo seu contato com eles que inicia o sistema de combate.

E, falando em experiência, temos três sistemas de evolução. Primeiro, com o ganho de pontos de experiência após os combates onde temos a evolução automática dos atributos dos heróis. Em segundo lugar, coletando as memórias perdidas na forma de cubos de energia, cujos pontos você pode distribuir como preferir entre os poderes especiais dos personagens.

Por fim, temos os famosos itens mágicos que dão bonificações para características diferentes dos personagens com as mais diversas formas de distribuí-los entre eles, inclusive um sistema de dicas interno do jogo de como maximizar seu atributo favorito de cada personagem (força, resistência, magia, etc).

A trilha sonora consegue ser um misto perfeito entre o clima de comédia de ação de anime e as músicas tradicionais de RPGs de fantasia medieval. Cenário, personagens e animação estão muito caprichados e fiéis à estética do anime. Ao mesmo tempo, mesmo as fases que se passam nas lembranças dos protagonistas não são uma repetição pura dos acontecimentos dos animes, mas situações novas geradas pela magia que tocou suas memórias.

Não há uma fase tutorial, mas sim uma explicação gradual de cada mecânica nova que vai surgindo ao longo do jogo, mantendo o ritmo e a imersão da aventura. É uma ótima opção para os fãs do anime, mesmo para quem nunca jogou um JRPG.

Quem não conhece o anime, mas curte o estilo de jogo pode se aventurar sem problemas, mas aconselho ver pelo menos o filme East Blue, que apresenta a história pessoal da maioria dos heróis, para aproveitar melhor a experiência de jogo.

por Luiz Cecanecchia – especial para CFNotícias

*Agradecemos a Bandai Namco e a Theo Games pelo envio do código do jogo, para concepção de resenha e vídeo.