Crítica: Esquema de Risco – Operação Fortune


Quando um ator estabelece seu nome em um determinado gênero, pode ser complicado não cair em um redemoinho de aparentes repetições de elementos que, embora funcionais, acabam sendo apenas genéricos. Felizmente, Jason Statham parece não ter sido vítima desse looping.

Em “Esquema de Risco – Operação Fortune” (Operation Fortune – Ruse de Guerre), o astro dá vida a Orson Fortune, um espião renomado o suficiente para ter todas as suas exigências atendidas pelo governo inglês, já que é notória sua capacidade de resolver os casos para os quais é designado.

O protagonista tem suas férias interrompidas quando é recrutado por Nathan Jasmine (Cary Elwes) para impedir a venda de uma nova e misteriosa tecnologia de supostas armas mortais, conhecida como “Maçaneta”. Tal transação está sendo mediada pelo excêntrico bilionário Greg Simmonds (Hugh Grant), que parece interessado apenas em aumentar sua já enorme fortuna, mesmo que para isso acabe colocando a segurança do planeta em risco.

A traição de John (Nicholas Facey), antigo companheiro de equipe – que agora trabalha para Mike (Peter Ferdinando), concorrente que rivaliza com Orson em astúcia – abre a possibilidade para a formação de um novo grupo que vai contar com Sarah Fidel (Aubrey Plaza), que mescla eficiência tanto ao trabalhar em campo, quanto ao executar feitos digitais quase inacreditáveis, e com o exímio atirador / piloto JJ Davies (Bugzy Malone).

Para se aproximar do suspeito, o recém formado trio contará com a improvável ajuda de Danny Francesco (Josh Harnett), renomado ator de Hollywood, adorado pelo público em geral, reconhecido por fazer todas as cenas de ação de seus trabalhos (lembra alguém na vida real?) e ídolo do bilionário fora da lei.

Embora não pareça tão original à primeira vista, o roteiro escrito por Guy Ritchie (também à frente da direção), Ivan Atkinson e Marn Davies é repleto de acertos (inclusive quando insinua pequenas reviravoltas) e consegue, sem esforço, conquistar a atenção dos espectadores com charme e convicção.

Jason Statham, como de costume, parece muito à vontade no papel, mesmo quando as sequências têm tudo para colocar seu personagem em uma grande enrascada – entenda-se quando há lutas contra oponentes muito maiores ou quando as soluções improváveis surgem no momento derradeiro.

Aubrey Plaza é responsável pelas melhores tomadas que mesclam sagacidade, humor e sensualidade. Enquanto Hugh Grant transforma seu vilão em uma figura que causa raiva por suas ações condenáveis, mas também diverte pela postura “exagerada” e que faz questionar como podem existir pessoas com um patrimônio tão absurdo (mesmo que saibamos que a resposta nem sempre envolve os meios mais honestos, por assim dizer).

O longa tem momentos passados em vários países e conta com cenários bem chamativos – como a casa da Turquia e seus inúmeros ambientes – o que possibilita a entrega de um resultado promissor no que diz respeito a entretenimento visual, já que é bem mais legal ver passagens semelhantes, mas que acontecem em locações distintas.

Com direito a uma sequência (muito boa, por sinal) ao som da clássica “Raindrops keep falling on my head”, de B. J. Thomas, e ao remeter ao estilo inconfundível de títulos aclamados dos anos de 1990, “Esquema de Risco – Operação Fortune” surpreende justamente por não tentar reinventar a roda, mas pela habilidade de reunir elementos já conhecidos e criar uma história relevante, o que faz do filme uma das melhores opções desse começo de ano.

por Angela Debellis

*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.