Crítica: Insanidade


Distribuído pela A2 Filmes, “Insanidade” (Tone-Deaf), é um terrir, ou seja, mistura terror e comédia. Lançado em 2019, chega hoje, 03 de novembro, às plataformas de streamings

Depois de perder o emprego e ver seu complicado relacionamento amoroso chegar ao fim, Olive (Amanda Crew) é incentivada por sua mãe e suas amigas a viajar e tirar um tempo para si mesma. A jovem então aluga uma grande e ornamentada casa de campo de  Harvey (Robert Patrick), um viúvo conservador, que luta para esconder suas tendências homicidas.

Vemos a abordagem da colisão de duas gerações, Boomers e Millennials, o que fica bem claro logo nas primeiras aparições de Harvey, que não se sente envergonhado em dizer como odeia as gerações mais novas.

Olive parece ser tudo aquilo que alguns Boomers associam, muitas vezes de forma exagerada, aos millennials. Ela se encontra desempregada, é um pouco mimada e sem muitas perspectivas de vida.

Enquanto que o viúvo Harvey é a caricatura do Baby Boomer aos olhos dos Millennials: conservador, antiquado e violento. Para além disso, o Tone – Deaf do título faz alusão direta à protagonista.

Com o sonho antigo de ser pianista, Olive toca piano para os amigos, mas nenhum deles tem coragem de dizer que ela é desafinada (tone-deaf, em inglês, também é usado para indicar alguém com dificuldade de ler e entender algumas situações, exatamente como a personagem).

Robert Patrick, que interpreta Harvey, é o ponto alto do longa. Sua atuação consegue dar um equilíbrio perfeito para seu personagem, que fica entre o cômico, constrangedor e assustador. Harvey é um senhor conservador e preconceituoso, que considera ter levado uma boa vida, exceto por um fato: não saber como é a sensação de matar alguém. Acompanhamos, sua primeira experiência e como, assim como um vício, vai ficando cada vez mais fácil para ele cometer  terríveis assassinatos.

Dirigido e roteirizado por Richard Bates Jr., “Insanidade” poderia ter seus personagens mais aprofundados, principalmente a protagonista Olive, mas eles não deixam de ser, na visão do diretor, simples caricaturas exageradas em uma disputa que, no final das contas, não faz sentido. Mesmo com algo a desejar, o filme trata de temas profundos como o suicídio de entes queridos, que afetam os dois personagens, provocando visões que parecem levá-los à loucura.

Não é uma obra para todos os públicos, pois sua comédia ácida e cenas sangrentas podem não agradar a todos. Mas é, com algumas ressalvas, uma grata surpresa para aqueles que se  permitirem apreciá-la mesmo em suas excentricidades  – e porque não dizer, em toda sua insanidade.

por Isabella Mendes – especial para CFNotícias

*Título assistido em Cabine de Imprensa Virtual promovida pela A2 Filmes.