Crítica: O Telefone Preto


Baseado no livro de Joe Hill, “20th Century Ghosts” (que no Brasil ganhou o título de “O Telefone Preto e Outras Histórias”), “O Telefone Preto” (The Black Phone) chega às salas de cinema com uma proposta envolvente.

O filme narra uma um mix de suspense e terror, vivido pelo jovem Finney Shaw (Mason Thames), que foi sequestrado por um serial killer e trancado num porão sujo, com revestimento acústico, que impede que alguém ouvisse seus pedidos de socorro.

Mas, ele é apenas mais um entre tantos outros que o vilão – chamado apenas de “Sequestrador” (interpretado por Ethan Hawke) – já levado. No porão onde as vítimas são mantidas em cativeiro, há apenas uma cama suja, um vaso sanitário e um telefone preto, cuja fiação está cortada. E é justamente através do aparelho, que não parece funcional, que a narrativa avança.

O longa tem a direção de um dos maiores diretores do gênero terror, Scott Derrickson, responsável por “O Exorcismo de Emily Rose” e “A Entidade”, que uma vez presenteia os amantes de terror e suspense com uma obra muito promissora.

Abordar traumas de infância, bullying e relações familiares mal resolvidas foi a jogada certeira para convidar o público a se envolver com o que é mostrado em tela, fazendo com que tenham empatia por grande parte dos personagens e criando aquele suspense sobre o final de cada um.

Diversos elementos fazem de “O Telefone Preto” um filme assertivo, por exemplo: a aflitiva máscara usada pelo vilão causa curiosidade em ver a sua verdadeira face. O bullying sofrido por Finney, a sensibilidade de sua irmã Gwen (Madeleine McGrow, cuja interpretação é um dos pontos altos da produção), os problemas com alcoolismo enfrentado pelo pai deles, Terrence (Jeremy Davies), a fotografia que imprime uma imagem de um ambiente sobrenatural.

Com sua sensibilidade espiritual através de sonhos e visões, Gwen torna-se uma peça chave nas investigações policiais. Pelo lado extraordinário, Finney se comunica com as vítimas anteriores do Sequestrador, que tentam passar instruções para que o garoto escape com vida e não tenha o mesmo final trágico que elas.

A princípio a obra pode parecer apenas uma trama de embate entre o bem e o mal, e até certo ponto é. Todavia, o roteiro bem elaborado faz de “O Telefone Preto” uma obra prima do gênero suspense, causando terror psicológico nos personagens em cena e claustrofobia em quem acompanha o desenrolar dos fatos do lado de cá da tela.

por Leandro Conceição – especial para CFNotícias

*Título assistido em Cabine de Imprensa promovida pela Universal Pictures.