Crítica: De Onde Eu Te Vejo
Muitos filmes nacionais gostam de focar em histórias humanas, com elementos do dia a dia que parecem pequenos, mas sempre despertam reflexões importantes. O filme “De Onde Eu Te Vejo”, dirigido por Luiz Villaça (O Contador de Histórias), segue essa linha e acerta em cheio ao apostar numa trama sensível e tocante.
Sensível e tocante pois nos mostra como algumas mudanças podem (ou não) nos abalar. Muito desse mérito vai para a conta do casal protagonista, vivido por Denise Fraga e Domingos Montagner. E não é só porque os dois demonstram ótimo entrosamento desde a primeira cena, mas porque seus personagens, Ana e Fábio, são pessoas comuns e podem se encaixar na vida real de várias pessoas.
Na história, Fábio se separa de Ana e vai morar no apartamento da frente, localizado em um bairro central de São Paulo. Com uma filha que acabou de passar no vestibular e vai estudar no interior, o casal tenta encarar as mudanças que estão por vir tanto na vida pessoal quanto na cidade em que vivem.
Outro ponto forte do filme é justamente a capital paulista. Principalmente para quem mora na metrópole, o longa desperta sentimentos nostálgicos ao trazer lugares com grande valor histórico para os paulistanos, como o Cine Marabá. Além disso, Sampa é importante para a evolução da trama e a construção dos protagonistas, que vieram de outras cidades para viverem sua aventura na famosa Terra da Garoa.
No entanto, mesmo emocionante na maior parte do tempo, o longa não foge de alguns deslizes. Talvez o ponto fraco da trama seja o personagem interpretado por Marcello Airoldi (S.O.S Mulheres Ao Mar). Candidato a rival de Fábio, Marcelo é praticamente jogado na trama, tanto que rapidamente desaparece e fica sem um desfecho claro.
Claro que isso não compromete o andamento da trama como um todo, mas desperta no espectador algumas dúvidas desnecessárias. Não é exagero dizer que “De Onde Eu Te Vejo” é um dos melhores filmes nacionais dos últimos anos. E não é só porque flerta com vários gêneros, como comédia, romance e drama, mas porque sabe ser bem humorado e inspirador ao mesmo tempo.
por Pedro Tritto – Colunista CFNotícias