Crítica: Espíritos Obscuros


Após alguns adiamentos, chega aos cinemas brasileiros o terror “Espíritos Obscuros” (Antlers), que traz à tona os medos mais íntimos de cada personagem e revela uma criatura horripilante capaz impactar os espectadores que forem conferir o longa que tem o aclamado Guillermo del Toro como um de seus produtores.

Em Cipus Hill, uma pequena (fictícia) cidade americana no estado do Oregon, somos apresentados à professora do ensino fundamental, Julia Meadows, e a seu irmão, o xerife Paul (Jesse Plemons). A dupla volta a morar na mesma casa, após anos, e agora é envolvida em uma trama com Wendigo, uma criatura do folclore indígena que parece ter algum tipo de ligação com o garoto Lucas (Jeremy T. Thomas), que apresenta diversos problemas de comportamento. Mas os segredos mais nefastos estão por ser revelados e nada mais será como antes.

“Espíritos Obscuros” é uma obra que foi baseada no conto The Quiet Boy”, de Nick Antosca (que escreve o roteiro junto a Henry Chaisson e Scott Cooper – este, também no cargo de diretor), e vai além de uma simples narrativa de terror com um monstro que ataca pessoas. À medida que somos apresentados aos personagens e seus misteriosos e profundos segredos, percebemos que temas como bullying e assédio moral / sexual podem ser muito (ou até mais) assustadores.

Neste sentido, a trama toma proporções mais densas e perigosas do que se mostrasse “apenas” uma matança desenfreada. Durante a exibição, o que temos é um terror psicológico muito aparente e que possibilita que sintamos no ar a tensão entre as figuras em tela e seus passados sombrios.

Há momentos em que o medo tomou conta de meus pensamentos e a produção gráfica da criatura realmente está digna de uma obra de primeira linha do gênero. São várias cenas cortadas e sombreadas que dão a entender que há um tipo de entidade que persegue as vítimas e quando a encaramos é uma sensação incômoda frente a um grande mal. Realmente, o diretor Scott Cooper soube fazer excelente uso do tom que del Toro imprime em suas obras.

Enfim, podemos dizer que o verdadeiro horror no filme é uma (ótima) crítica feita para demonstrar que o sobrenatural nem sempre é o pior modo de causar medo e assustar alguém. “Espíritos Obscuros” tem seu roteiro muito bem amarrado e grandes interpretações de seu trio de protagonistas, em especial do jovem ator Jeremy T. Thomas, cuja atuação faz com que seja impossível desviar o olhar da tela.

Vá ao cinema preparado para o inesperado e com sua mente alerta para cenas que podem perturbar e criar questionamentos.

por Clóvis Furlanetto – Editor

*Título assistido em Cabine de Imprensa promovida pela 20th Century Studios.