Crítica: Anomalisa
Michael Stone (dublado por David Thewlis) é um palestrante motivacional e autor de um famoso livro sobre atendimento ao cliente. Durante uma viagem à Cincinnati para um discurso, Michael conhece e se apaixona por Lisa (voz de Jennifer Jason Leigh), uma jovem atendente de telemarketing.
Mais do que uma agradável surpresa para os que gostam de filmes em stop-motion, Anolamisa é uma boa pedida até para os menos acostumados com o estilo. Num primeiro momento, o espectador precisa lidar com um sutil incômodo em relação às características das personagens, que têm os rostos montáveis; depois que nos acostumamos, no entanto, o que vemos são bonecos muito realistas.
O realismo também fica por conta do roteiro, que segue seu próprio ritmo em sequências longas e sem cortes; e das cenas mais verídicas, que vão desde uma ida ao banheiro, passando pelo nu frontal, até uma sequência de relação sexual.
Anomalisa tem uma daquelas histórias que vemos em curta-metragens e torcemos para que sejam transformadas em um longa. O objetivo do filme é mostrar como a solidão, a depressão e a monotomia podem transformar a rotina de um homem em um apanhado de pessoas iguais.
Destaco como principal questão a ser observada durante a animação a utilização da mesma voz para todas as personagens. Uma voz masculina, grave, que sequer muda o tom de acordo com a idade ou o gênero de quem fala. Apenas quando Michael conhece Lisa, que tem uma voz única, é que desvendamos alguns mistérios até então atormentadores.
Com uma história curiosa, que ao longo da obra nos esclarece e, ao mesmo tempo, nos intriga ainda mais, Anomalisa tem cenários comuns e trilha-sonora que não chega a ser espetacular. Em meio a tantos lançamentos que parecem sair de uma mesma fornada, o filme é uma anomalia que merece ser vista. O lançamento é nesta quinta-feira (28), aproveite!
por Kelly Amorim – especial para CFNotícias