Crítica: Parasita


“Parasita”, dirigido por Joon-ho Bong, retrata a história da família de Ki-woo (Woo-sik Choi), que está desempregado, e vivendo em condições precárias em um porão no subúrbio da cidade. Uma obra do acaso faz com que o garoto aceite a proposta de um amigo para ensinar inglês à filha de uma família rica. O jovem então aproveita a oportunidade para elaborar um plano que ajude a empregar seus pais e sua irmã. Deslumbrados com a vida luxuosa, eles não imaginavam que a mansão escondia segredos que os afetariam de uma forma terrível.

O ano ainda não acabou, mas é possível afirmar que essa é uma das melhores produções de 2019. O longa tem como ideia central representar o parasitismo e consegue abordar isso de uma maneira tão brilhante, que a visão de desconstrução social pode passar despercebida.

A história baseia-se em evidenciar duas realidades opostas, o que serve como porta de entrada para dar continuidade aos acontecimentos. A família de Ki-woo vive em um porão apertado e sujo, contando com poucos recursos para sobreviver; já a família Park possui uma mansão com empregados à disposição e um patrimônio em abundância. Entretanto, o ponto que mais chama a atenção, não se refere à classe social, mas ao uso da famosa malandragem.

Apesar de ricos, os Park beiram as margens do comodismo pela facilidade com que conseguem as coisas, o que os torna ingênuos e facilmente impressionáveis. É nesse ponto que os ‘parasitas’ entram em ação. Para cada necessidade da família burguesa é criada uma solução cômica, que alcança facilmente os efeitos desejados.

A primeira parte do filme é dominada pela comédia, e quando tudo parece estar devidamente alinhado, somos surpreendidos por um suspense que vai se encaixando aos poucos na trama, e que faz com que o final da produção te deixe sem acreditar na reviravolta que a história se apresenta.

É inegável que a narrativa se encaminha para um desfecho um tanto quanto radical, mas a forma como tudo foi elaborado faz com a história tenha uma coerência baseada em ação e reação. Além do mais, outro ponto bem interessante, é que a produção também trata sobre as injustiças sociais de personagens secundários que possuem um peso imenso na concretização do enredo.

O filme foi o vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes e está concorrendo a uma vaga no Oscar em 2020, como melhor filme internacional. Além disso, houve uma exibição do longa durante a 43ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Em meio a tantos eventos importantes, nem seria necessário dizer que todos deveriam prestigiar essa obra sensacional.

por Victória Profirio – especial para CFNotícias