Crítica: O Doutrinador


Em um país como o Brasil, que vive diariamente combate contra a corrupção e as grandes desigualdades sociais, é muito bom ver o surgimento de um personagem que luta contra tudo isso.  Claramente, o filme “O Doutrinador”, baseado na HQ homônima de Luciano Cunha, faz a tentativa de criar uma identificação entre personagem e população. Pena que o longa não cumpre com esse objetivo.

Com uma pegada muito parecida com a série “O Justiceiro”, da Netflix, a película dirigida por Gustavo Bonafé (Chocante) até tem boas cenas de ação e efeitos especiais interessantes, mas a trama não consegue destacar aquilo que é mais importante: o seu protagonista.

Nela, Miguel (Kiko Pissolato) é um policial trabalhador e correto que tenta prender políticos corruptos ou qualquer um que não cumpra a lei. Divorciado de Isabela (Natália Lage) e pai de uma menina, ele consegue prender o governador Sandro Corrêa (Eduardo Moscovis), um sujeito envolvido com várias ilegalidades do governo.

Tudo começa a mudar quando o protagonista vê sua filha ser atingida por uma bala perdida e não ser atendida como deveria em um hospital de São Paulo. Buscando fazer justiça com as próprias mãos, Miguel se torna um vigilante mascarado batizado de Doutrinador (o longa não deixa claro o motivo do tal nome e isso é ruim) e vai atrás da toda a cúpula política corrupta que cerca o país.

Certamente, o principal problema do Doutrinador não está em sua história ou caracterização e, sim, no fato de não ser capaz de criar uma empatia com o público alvo. Neste caso, acredito que o Capitão Nascimento (Wagner Moura), de “Tropa de Elite” cumpre tal missão com mais efetividade, já que tem uma identidade brasileira mais definida.

Para quem acompanha filmes de heróis, vai perceber que “O Doutrinador” possui uma ideia compatível e realista com o Brasil dos últimos anos, porém, vai notar que falta um algo mais para o protagonista se transformar em um grande herói nacional. Uma pena!

Por Pedro Tritto – Colunista CFNotícias