Crítica: Pica-Pau
Depois de Zé Colmeia e Alvin e os Esquilos, agora chegou a vez de outro personagem clássico dos desenhos animados ganhar a telona. Sim, o arteiro Pica-Pau finalmente ganhou um filme próprio, algo justo para sua história e carisma. Pena que o longa dirigido por Alex Zam (O Fada do Dente 2) e estrelado pela brasileira Thaila Ayala fica longe de empolgar e arrancar as boas risadas que os desenhos originais conseguiam.
Na trama, o advogado Lance Walters (Timothy Omundson) é demitido do escritório e decide montar uma grande residência no antigo terreno da família, localizado em uma região florestal. O problema é que o terreno fica onde mora a ave protagonista, que começa a transformar a vida do sujeito em um verdadeiro inferno.
Nessa aventura, também estão com Walter a sua noiva peruona, Vanessa (Thaila Ayala), e seu filho adolescente, Tommy (Graham Verchere), um garoto com pinta de rebelde que não tem tanta intimidade com o pai. Além disso, a dupla de caçadores Nate e Ottis Grimes (Scott McNeil e Adrian Glynn McMorran, respectivamente) vão fazer de tudo para capturar o bichinho espertalhão.
Claramente, o filme é para criança (até seis anos, para ser exato). Até aí tudo bem, já que a linguagem é bem simples e apropriada para o público alvo. O problema é a descaracterização do personagem. Aquela versão clássica, de um Pica-Pau politicamente incorreto, malicioso e aproveitador, infelizmente é pouco abordada. Agora, o que mais vemos é um pássaro com planos bem óbvios e atrapalhados.
Para piorar, a trama caminha para todos os lados e não assume uma identidade própria. Na preocupação de abordar vários temas ao mesmo tempo, ela não se aprofunda como deve quando precisa falar, por exemplo, de aves em extinção, desmatamento, ecologia ou simplesmente sobre uma relação conturbada entre pai e filho. Uma pena, já que havia espaço para qualquer um desses temas.
Para quem cresceu assistindo aos clássicos desenhos do Pica-Pau (como esse que vos escreve), certamente o longa do personagem é decepcionante. Não espere as presenças ilustres do cavalinho Pé de Pano, do Dr. Rancho Krutz, ou até mesmo das pessoas com as capas de chuva amarelas se protegendo do banho de uma catarata. Ainda bem que, pelo menos, a canção tema com a risadinha da ave dá as suas caras. Agora, quem procura uma opção para distrair e divertir o filho pequeno, o longa pode ser uma boa tentativa, mas, convenhamos, isso é bem pouco para um personagem com tanta história e carisma.
Por Pedro Tritto – Colunista CFNotícias